terça-feira, 15 de março de 2011

VIII Encontro de História Oral da Região Nordeste - Data 10 a 13 de Maio

 O VIII Encontro de História Oral da Região Nordeste cujo tema é Memórias, Saberes e Sociabilidades, convida pesquisadores, professores e demais interessados para discutir a relação entre história e memória, história oral e memória, expressões que suscitam profundas discussões teóricas e epistemológicas, que a cada momento questionam as práticas do historiador, pois este ao lidar com as memórias individuais e coletivas, oficiais e subliteradas, como fontes históricas, podem interferir na rede de saberes, historicamente erigida e ao mesmo tempo criar outras formas de sociabilidades, que são resultantes das formas de agir e interagir dos grupos sociais, bem como das vivências coletivas.
A sociedade moderna construiu a necessidade de instituir lugares e lugares de memória, de estabelecer datas comemorativas para lembrar alguns de seus, deixando a maioria no esquecimento, de modificar e instituir vivências de pessoas grupos sociais, instituições. Apesar do crescimento da produção historiográfica com a expressão memória no seu título ainda é difícil saber o que é memória e de que forma ela se constitui e se processa no conjunto das atividades do homem. Além disso, na própria oficina da história, memória e história podem ser vistas como coisas diferentes. A primeira pode ser tomada como um fato social, “pois fundamenta e reforça os sentimentos de pertecimento ao grupo”, já para a segunda, a prioridade é “discutir como os fatos sociais se tornam coisas”. 
O emprego das expressões e o significado delas na produção historiográfica continuam propondo aos trabalhadores da oficina da Clio, desafios teóricos-metodologicos que atravessam o cotidiano deles e, por esta razão, precisam ser discutidos, avaliados e se possível vencidos. Nós, aprendizes de historiadores, lidamos com uma “multiplicidade de memórias fragmentadas e internamente divididas, todas de uma forma ou de outra, ideológica e culturalmente mediadas.” Sintam-se desafiados.

:: Cronograma ::
 Proposição de Simpósio Temático: 10 de janeiro a 21 de fevereiro de 2011;

Proposição de Minicursos: 10 de janeiro a 21 de fevereiro de 2011;

Divulgação das propostas de Simpósio Temático e de Minicursos: 28 de fevereiro de 2011.

Envio de resumo de comunicações orais e de pôsteres: 01 de março a 04 de abril de 2011;

Divulgação dos trabalhos aprovados e envio de cartas de aceite: 08 de abril de 2011:

Envio dos textos completos: 24 de abril;
Inscrição como ouvinte: 01 de março a 07 maio de 2011.

:: Minicursos ::

O mini - Curso de nosso interresse é o de numero 9 que vai tratar da Cidade, projetos de pesquisa e dilemas com o professor Dr. Antonio Cardoso Façanha – UFPI professor de Geografia da UFPI.
  

01- Memória, Narrativa e Trabalho
Ministrante: Prof. Dr. Antonio Torres Montenegro – UFPE

Resumo: Este mini curso irá discutir algumas questões técnicas e metodológicas relacionadas aos relatos orais de memória e sua utilização como fonte documental, no cruzamento com outras fontes. Ao mesmo tempo abordará a passagem do relato documental ao relato historiográfico, problematizando os deslocamentos analíticos e privilegiando com um dos temas de pesquisa a temática do trabalho.

02- Imagem e Trauma: cinema, holocausto e escravidão

Ministrante: Prof. Dr. Francisco das Chagas Fernandes Santiago Junior – UFRN

Resumo: Entre as diversas maneiras de pensar a constituição da memória na forma de imagens, podemos pensar naquelas que se debruçam sobre o trauma. Dois acontecimentos foram alvos de disputas na sua reconstituição como eventos traumáticos no cinema, e, apesar de ambos terem vítimas-raciais, receberam tratamentos diferentes. Essa diferença é uma oportunidade de problematizar a visualidade da memória traumática e ambos serão cruzados neste mini-curso para articular as diferentes maneiras como a memória pode ser marcada na contemporaneidade. O primeiro ‘evento’, o holocausto, tem uma vítima-modelo, o judeu, e deu origem a uma indústria da memória traumática, a qual tem suscitado debates acalorados sobre a representação do ‘mal’ e do trauma e respondendo ao que Hayden White chama de “acontecimento modernista” (aquele que precisa de novos formatos narrativos). O segundo, a escravidão africana, tem uma vítima-de-cor que suscita ambigüidades, negações de trauma e tratamento diferenciado de seus aspectos traumáticos. O curso almeja mostrar algumas das disputas existentes nas formas de constituição visual de composição da memória na forma de trauma.

03-História Oral e História das Cidades: possibilidades de trabalho a partir das história cultural

Ministrantes: Prof. Dr. Antonio Clarindo Barbosa de Souza – UFCG
                      Profª. Ms. Helmara Giccelli Formiga Wanderley – UFCG

Resumo: trata da relação entre a História Oral, as formas de viver e conviver nas Cidades, as sensibilidades, visualidades numa plêiade de imagens, sons, dizeres e fazeres, que potencializam a investigação histórica. A discussão contempla as múltiplas formas de interlocução entre oralidade e cidade, indicando chaves de leitura que podem contribuir no trabalho do historiador.

04-Historiografia, práticas de pesquisa e fontes orais

Ministrante: Profª Dra. Regina Beatriz Guimarães Neto – UFPE

Resumo: Este curso tem como objetivo debater alguns problemas e questões que são formulados no campo da história, focalizando a prática metodológica da história oral e a narrativa histórica que resulta desta ação. É nessa esfera que ambiciono instigar algumas reflexões, procurando contribuir com o debate historiográfico. As fontes orais são abordadas tendo em vista critérios de análises com base nas suas condições de produção, meios de circulação e apropriações diversas; interesses que envolvem tanto o entrevistador quanto o entrevistado. O curso, em face dessa complexidade apontada, objetiva o estudo das práticas de pesquisa e da escrita da história.

05-Memória, História Oral e Movimentos Sociais

Ministrantes: Profª Dra. Ely Souza Estrela - UEB
                      Profª Ms. Liliane Maria Fernandes Cordeiro Gomes – UEB

Resumo: A partir de estudos de teóricos que tratam das relações entre memória e história oral buscar-se-á discutir as implicações para a escrita da história de movimentos sociais no Brasil. Os conteúdos trabalhados estarão divididos em quatro eixos, a saber: O que é e o que não é história Oral; Uso da história oral como fonte; Memória e esquecimento: construção da memória; Relações entre Memória, História Oral e Movimentos Sociais. O objetivo geral deste mini curso é discutir e problematizar as relações entre história e memória bem como a importância da história oral e da construção da memória na atuação dos movimentos sociais no Brasil do século XX-XXI. Para isso se fará uso de uma metodologia baseada em leitura e discussão de textos escritos e fílmicos, pontuando e problematizando conceitos e palavras-chave.

06-História e Tradição Oral: perspectivas de pesquisa

Ministrante: Prof. Ms. Cícero Joaquim dos Santos- URCA

Resumo: Perante a renovação historiográfica do século XX, a emergência de novas abordagens, problemáticas e fontes fez emergir novos horizontes para o oficio do historiador. O direcionamento do olhar para objetos antes desprezados, fontes não valorizadas e sujeitos silenciados demonstrou o alcance de novas perspectivas e abordagens para a pesquisa histórica. Nesse novo cenário de possibilidades de pesquisa a metodologia da história oral vem conquistando espaços antes renegados na operação historiográfica. Imersa no universo da oralidade e imbricada em subjetividades e sensibilidades dos narradores, a tradição oral como fonte e objeto de estudo é bastante reveladora das experiências sociais do passado e seus vínculos com o presente. Dessa forma, possibilita o entendimento das mudanças e continuidades no cotidiano das comunidades, os embates pela memória, as representações e (re)significação das práticas sociais. Por tudo isso, a relação entre história e tradição oral é compreendida como um percurso possível na operação construída pelo historiador.

07- Walter Benjamin: Imagens para historiadores ou a história em imagens

Ministrante: Prof. Jaison Castro Silva- IFPI/ UFC

Resumo: O conhecimento pode ser construído por imagens? A memória constrói imagens do passado? Podem os historiadores escrever o passado com base em e através de imagens? Esses são alguns questionamentos que podem ser discutidos a partir do pensamento de um dos maiores filósofos do século XX, o judeu alemão Walter Benjamin (1892-1940). Sua trajetória exemplar, seu pensamento ensaístico, seus personagens alegóricos (o flâneur, o narrador, a criança, etc.) e as etapas de recepção de seu pensamento no Brasil serão discutidos durante o curso para, ao final, repensar o próprio conceito de tempo histórico. Nessa introdução panorâmica sobre os textos e imagens benjaminianos, pretende-se apontar caminhos para a compreensão de alguns de seus ensaios basilares, aproveitando para investigar algumas de suas contribuições para a disciplina história.

08- Memória e Política no Brasil (1960-1980)

Ministrantes: Prof. Ms. Márcio Ananias F. Vilela – UFPE
                      Prof. Ms. Pablo F. de A. Porfírio – UFRJ

Resumo: Este curso visa realizar um debate acerca dos exercícios de memória empreendidos por diversos setores sociais em torno dos significados da ditadura militar. Essa é uma dimensão que começa a ser cada vez mais trabalhada pela historiografia, que pensa como as batalhas da memória emergem e criam diversos significados para a ditadura militar em diferentes momentos. Enfocaremos também o envolvimento de setores da sociedade civil nessa produção de memória durante o Regime, seja para validá-lo, seja para criticá-lo. A proposta de trabalho deste curso dialoga com diversos campos teóricos, desde a chamada Nova História Política, passando pelas análises de poder e pelo estudo das construções da memória. Pretendemos trabalhar com a perspectiva de uma história escrita a partir de um problema. O trabalho com uma problemática requer a seleção de uma documentação, aliada ao estabelecimento de questões. Esse movimento de escolhas e integração nos levará a determinar o domínio do objeto que é preciso percorrer para resolver o problema estabelecido. É a partir dessa perspectiva teórica e metodológica que analisaremos a relação entre memória e política no período do Regime Militar no Brasil.

09- Cidade, projetos de pesquisa e dilemas

Ministrante: Prof. Dr. Antonio Cardoso Façanha – UFPI

RESUMO: O minicurso tem como objetivo discutir a temática de CIDADE, fazendo uma relação com a construção metodológica de elaboração de projetos de pesquisa. A proposta está estruturada a partir de três eixos: a) Discutir o conceito de cidade, definindo O que seja “o sentido de cidade” e seus subtemas; b) Refletir sobre a estrutura de elaboração de projeto de pesquisa utilizando-se de temas de cidade; c) Identificaralguns dilemas conceituais e teóricos na elaboração de projetos de pesquisa. A atividade será construída fazendo-se uso de exposição dialogada com os participantes com uso de recursos didáticos que possa favorecer a assimilação e produção do conhecimento do grupo envolvido.

10-O oriente Médio: problema antigo e questões atuais

Ministrante: prof. Dr. Ricardo Arraes – UFPI
                    Profa. M.Sc. Clarice Helena Santiago Lira – UFPI

Resumo: Nos últimos anos a escrita da história vem passando por diversas transformações que possibilitaram um debate enriquecedor sobre as singularidades da disciplina como também sobre o atual universo plural das abordagens, métodos e objetos. Assim podemos perceber mudanças também no campo da História Militar que praticava “estudos minuciosamente documentados das instituições, guerras, campanhas, batalhas e táticas” (CASTRO; IZECKSON; KRAAY, 2004, p. 13) e que vem apresentando saídas na procura de novas respostas para versões que já estavam bastante cristalizadas, tendo nos estudos sobre a memória e no uso da oralidade fortes aliados. Os sujeitos comuns e suas práticas cotidianas se tornam hoje personagens centrais da trama histórica e os historiadores militares, que num primeiro momento, poderiam se intimidar com os novos apelos da disciplina conseguem criar caminhos teórico-metodológicos e superam, a cada produção, a chamada crise dos modelos de explicação histórica. O cotidiano, o imaginário, as representações e as experiências dos homens comuns, entre outros se tornam territórios menos temerosos, assim como  a iconografia, as festas comemorativas, as memórias escritas e orais surgem como fontes potencializadoras de outras versões do passado até então silenciadas por uma historiografia tradicional, podendo ter como exemplo as memórias dos combatentes brasileiros que participaram das missões de guerra e de paz.. Nesse sentido, objetivamos com esse simpósio socializar estudos e pesquisas que tratem do papel das Forças Armadas na história brasileira, levando em consideração seu relacionamento com a sociedade civil, o processo mobilizatório nas operações de guerra e de paz, a formação do soldado e o serviço militar, entre outros.

11 - Religião, Mídia e Memória: as formas de seleção e representação da palavra do outro

Luciana de Lima Pereira – Mestre (IFPI)cianamhb@gmail.com
Nilsângela Cardoso Lima – Doutoranda (UFPI/UNISINOS)nilcardoso@gmail.com

Resumo: A mídia tem sido um dos instrumentos mais utilizado pelas igrejas. Enquanto a igreja católica passou algum tempo apresentando seu desconforto e resistência ao que era produzido e veiculado pelos jornais escritos e falados, cinema e TV, dando ênfase ao perigo do seu conteúdo as mentes dos fiéis. As igrejas petencostais e neopetencostais já experimentavam os veículos como papel estratégico da comunicação das práticas religiosas. Assim, sabendo da importância da relação “conflituosa” e “amistosa” entre as instituições religiosas e o uso que estas fazem da mídia, o minicurso pretende fazer uma discussão, dentro de uma perspectiva histórica e das teorias da comunicação, sobre a apropriação dos meios pelas instituições religiosas para a propagação da fé, “controle” e vigilância da mensagem midiática através de estratégias discursivas utilizadas para a construção da realidade a partir da representação do outro. Ainda, pretende-se fazer uma abordagem dos aspectos conceituais que envolvem a noção de representação e memória no processo de construção do discurso midiático e religioso.

12 - Memória, Ensino, Narrativas
Ângela Maria Macedo de Oliveira - UESPI|FAP
Nalva Maria Rodrigues de Sousa - FAP THE

Resumo: O mini-curso tem como objetivo provocar reflexões sobre o ensino de história: desde o tornar-se ao fazer-se professor. Ao pensarmos essa relação, uma das nossas fontes é a nossa própria memória seja como docente ou como discente, através das nossas experiências individuais e sociais que perpassam o nosso cotidiano, desse modo, esse minicurso se constituíra da teoria juntamente com a prática, observando mudanças, possibilidades de se trabalhar as memórias dentro do ensino, fazendo uma releitura da relação ensino e pesquisa a partir de nossas memórias. Problematizar a identidade, a formação profissional docente e a pesquisa acadêmica em diferentes níveis de ensino: fundamental, médio, superior. A memória, enquanto fenômzeno individual e social, pode se revelar ao mesmo tempo, fonte e fenômeno histórico. Trabalhar essa relação ainda é um grande para a maioria docentes.
13 - A história oral como metodologia para História Social: um estudo da proposta de Alessandro Portelli.
Proponentes/Ministrantes:
Prof. Dr. Robério Américo do Carmo Souza (DGH/UFPI) americo@ufpi.edu.br (86)32343436
Profª. Drª. Lila Xavier Luz (DSS/UFPI) lilaxavier@hotmail.com (86)99709662

Resumo: O Minicurso aqui proposto objetiva conduzir uma reflexão sobre as propostas do historiador italiano Alessandro Portelli para procedimentos e possibilidades do uso da história oral como metodologia de uma abordagem do movimento histórico na perspectivada História Social. Isso significa definir o centro da análise historiográfica como a Ação Social, individual e/ou coletiva, por meio da qual a história é construída pelos homens e como a história oral pode contribuir para construção/interpretação de fontes que permitam ao pesquisador estudar esta Ação Social por meio da reflexão sobre a memória dos seus sujeitos.
Para tanto, iremos debater duas idéias chaves da obra de Portelli sobre o trabalho com história oral: entrevista como experiência de igualdade e história oral como narrativa.
14 - A SALA DE AULA COMO ESPAÇO DE PESQUISA: FONTES ORAIS NO ENSINO DE HISTÓRIA

PROPONENTES: Prof.ª Ms. Maria Lindalva Silva Santos - UFPI
                           lindarrais@hotmail.com
                           Prof.ª Ms. Regianny Lima Monte UFPI/IFPI
                           regiannymonte@yahoo.com.br 


O ensino como todo tem passado por transformações significativas, tendo as ciências humanas passado por mudanças fundamentais tanto nos conteúdos e habilidades, como na maneira em que se processa o sistema de aprendizagem. Tornar as aulas e ambiente escolar atrativo para os alunos tem sido um grande desafio para os educadores, sobretudo, no que diz respeito à utilização de novas tecnologias e metodologias de ensino-aprendizagem. As aulas de história podem e devem oferecer momentos de pesquisa e reflexão que resultem não apenas na aquisição de conhecimentos, mas também na sua produção. Este minicurso procura contemplar essa  perspectiva e visa discutir as potencialidades presentes na história oral, enquanto ferramenta metodológica de ensino e, ainda,  incentivar a aplicação de atividades que enriqueçam a prática docente.


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“A Geografia não é física nem humana. A Geografia é das humanidades”. Milton Santos