quarta-feira, 2 de março de 2011

Polêmica: Segundo cientista, existe Mata Atlântica no Piauí

Mata Atlântica na Serra da Capivara

 A polêmica sobre a existência de Mata Atlântica no Piauí ganhou um forte reforço com a divulgação de uma entrevista com a arqueóloga Niéde Guidon, que confirma textualmente a presença da floresta tropical no interior do estado. A constatação é fruto das pesquisas de sua equipe que durante quatro décadas estudou profundamente as características naturais da região da Serra da Capivara, realizando inclusive um inventário da flora.

Em uma ampla entrevista veiculada por uma emissora de televisão de Teresina, Niéde Guidon explicou a ocorrência dessa formação vegetal e foi além, afirmando que o Piauí abriga não apenas elementos da Mata Atlântica como também da floresta amazônica. E para provar isso, ela indicou um biólogo de sua equipe que foi ao campo mostrar aos repórteres algumas espécies da Mata Atlântica em plena caatinga. Os estudos que comprovam a Mata Atlântica no Piauí foram coordenados pela botânica francesa Laure Emperaire.



Para os ambientalistas, a entrevista de Niéde Guidon, derruba a estratégia do secretário de Meio Ambiente do Piauí, Dalton Macambira, que vem realizando uma forte campanha para convencer a população piauiense de que não existe Mata Atlântica no estado. Dalton vai além e afirma que já pediu ao IBGE para retirar o Piauí do mapa da Mata Atlântica, como se isso fosse uma decisão meramente política.

Segundo o biólogo Francisco Soares, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e da Fundação Rio Parnaíba (FURPA), Dalton Macambira, está preocupado mesmo é com a aplicação da Lei n° 11.428 que regulamenta a Mata Atlântica e impede empreendimentos que causem destruição ao meio ambiente, caso do projeto de carvão vegetal da empresa JB Carbon S/A, na região da Serra Vermelha.

“O secretário Macambira já foi desmoralizado algumas semanas atrás com um artigo da promotora Carmem Almeida, que é especializada em direito ambiental pela PUC do Rio de Janeiro e já foi a curadora de Meio Ambiente do Piauí. Agora, foi a vez de uma cientista que pesquisa há 40 anos no Piauí confirmar a existência de Mata Atlântica no sertão. O que Dalton vai dizer agora?”, questiona o biólogo.

Para o representante da FURPA, o único argumento que o secretario de Meio Ambiente utiliza para afirmar que não existe a Mata Atlântica no Piauí, é um estudo realizado pelo professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Alberto Jorge. “O problema, é que esse estudo foi pago pelo empresário João Batista Fernandes, da JB Carbon, e os levantamentos foram realizados exclusivamente na área do projeto Energia Verde, na Serra Vermelha”, denuncia Francisco Soares.

Para o jornalista e ambientalista Dionísio Neto, da Rede Ambiental do Piauí (REAPI), o Piauí vai contra o restante dos estados brasileiros que sentem orgulho de possuir a vegetação de Mata Atlântica em seu território. “Só existe uma explicação para a atitude do secretário Dalton Macambira: interesses econômicos contrariados. Não é a toa que Dalton Macambira acaba de ser condenado pela Justiça Federal do Piauí”, finalizou.
Fonte: http://www.180graus.com

4 comentários:

  1. Afinal, existe Mata Atlântica no Piauí? É verdade que existem espécies da Mata Atlântica no PARNA Serra da Capivara, mas afirmar que exista esse tipo de vegetação no Piauí é outra história. Não é porque existam algumas espécies de uma formação vegetal que esta exista na área. É uma estupidez pensar assim. Na cidade de Cabo Frio (RJ) existem cactáceas, como o mandacarú e o facheiro, em plena Mata Atlântica, mas nem por isso lá é formação caatinga. E o que estas espécies 'estranhas' na área provam? Provam que em períodos passados, em condições ambientais diferentes das atuais, as formações vegetais a que pertencem distribuiam-se pela área. Então a pergunta certa seria: será que a Mata Atlântica distribuia-se pelo interior do Brasil em períodos passados? A resposta é SIM. Essas espécies que resistiram até os dias atuais provam isso. Mas e o mapa do IBGE que aponta existencia de Mata Atlântica no Piauí? Não sei se acredito numa classificação fitogeográfica como a do IBGE que coloca a formação caatinga na categoria de 'savana-estépica'. É um dos sistemas fitogeográficos mais criticados e duvidosos do Brasil. Prefiro o sistema de Von Martius de 1824 que é bem mais confiável. Enfim, fica aqui minha crítica, e para os geógrafos digo que não se deixem levar por biólogos, eles são generalistas!

    Com meus cumprimentos.

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  2. Pois é!! Concordo plenamente com o comentário acima!! E vale ressaltar uma coisa, estão tratando o tema a partir da definição de Bioma que é uma abordagem generalista pois aborda apenas o lado biológico e esquecem do conceito de Domínio Morfoclimático que é mais abrangente e leva em conta outras características como o clima, o relevo, o solo etc .Portanto é preciso reunir tanto biólogos quanto geográfos para resolver de uma vez por todas esse impasse. Mais a onde estão os Geografos do Piauí pra dizer alguma coisa??? Será que a tranquilidade dos cargos públicos em universidades e outros órgãos os tornam apáticos para uma discussão tão importante.

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  3. parabens aos dois comentarios acima acredito que temos que ter debates serios

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  4. O mapa do IBGE é um engodo de ambientalistas que querem a todo custo difundir um sofisma para tentar proteger as florestas de Caatinga e do Cerrado no sul do Piauí, na verdade se trata de um ecótono e não "mata atlântica", chega ser ridículo o discurso de ambientalistas que nada ou pouco entendem de botânica. Devemos sim realizar levantamentos fitosociológicos sérios pois o proprio mapa do IBGE houve dissenções quanto a classificação utilizada entre os pesquisadores sérios sem influências políticas e ambientalistas.

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“A Geografia não é física nem humana. A Geografia é das humanidades”. Milton Santos